sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Quebrável

Sempre me senti uma pessoa fraca, frágil e sensível. Sei que existe lados ruins e lados bons em ser assim. Não me importa os lados. Me importa mesmo é ser o que eu realmente sou sem máscaras, sombras ou falsidades. Sou assim desse jeito simples, tão leve e tão pesado. Porque da mesma forma que me sinto leve, posso me sentir pesado. Enfim, são os lados, que não quero discutir, mas meus devaneios sempre me levam a fazer isso (me sinto uma contradição agora).

Existe uma mesa feita de madeira rústica. Cor mogno escurecido. Meio empoeirada, mas preservada. Nessa mesma mesa há um copo de vidro bem frágil, como se fosse um cristal. É tão transparente que ao olhar há a impressão que pode-se transpassar esse recipiente com os dedos livremente. Sabe, me sinto assim. Mas não é em todos os momentos que me sinto dessa forma: como um copo frágil que a qualquer momento pode ser tomado nas mãos de alguém, e por descuido, pode se deslizar das mesmas mãos e cair no chão. E se quebrar. Despedaçar-se em incontáveis pedaços.

Ora sou forçado a me sentir assim, ora me coloco por vontade própria nessa situação. Torno-me um objeto frágil e vulnerável nas mãos de qualquer acontecimento que vier ou acontecer. Parece que posso ouvir os estalos vindos de dentro. O medo me faz contorcer. É como se eu pudesse ver aquelas mãos me tomando sem piedade, me observando... sondando cada minúsculo detalhe de mim. Só consigo observar esse momento. Sentindo-me impotente. Sem nada fazer. Sem ao menos conseguir tentar.

Ao me tocar, sondar e conhecer, tudo de mim fica exposto. É como se aquela mesma mesa estivesse em uma sala iluminada, mas o único local onde permanecia sem iluminação fosse o cantinho discreto, onde permanecia aquela mesa rústica. E de repente todo foco mudasse bruscamente, como uma inversão, todo o foco de luz fosse para aquela mesa, tornando aquele copo o centro de toda atenção. Nu estava ele ali. Podia ser tocado. E ao ser tocado.. podia ser observado e sondado. Assim acontecia. Só havia tremores dentro de mim que pediam urgentemente que aquelas mãos não soltassem aquele copo.

O pedido não cessava. Cada segundo era tão intenso. O medo torna as coisas mais enérgicas do que elas realmente são. Tão quebrável. Deveriam colocar um rótulo, escrito em letras maiúsculas: “CUIDADO, OBJETO FRÁGIL!”. Mas se bem que um rótulo não importaria. Tudo se inseria em um momento que custava em passar. As mãos ainda sustentavam o copo. A tensão e a pressão ainda continuavam permeando todos os espaços.

Os momentos não passariam tão cedo. Uns dias seriam e serão mais amenos. Chegarão dias em que o copo ficará ali, imóvel naquela mesa. Mas os momentos... esses nunca deixarão de existir. Por quê? Porque são eles que não permitem que aquele copo se torne um objeto frio, sem vida, sem sensibilidade e fragilidade. Pois é nesses momentos em que se prova o quanto ele é frágil e quebrável. Sim. É isso que sou: quebrável. E não preciso de rótulos, nem etiquetas para que saibam disso. Sou. Aos que se acham “fortes demais”, cuidado! Pois você pode estar se escondo atrás de uma fortaleza, enquanto você sabe que também é uma pessoa frágil. Nós aprendemos a ser fortes quando assumimos a nossa fraqueza.

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