domingo, 29 de julho de 2012

"Cuidado! Objeto frágil"

Não sou a favor de quem fala sem pensar. Sei que, às vezes, a gente é muito impulsivo, mas dentro de cada um de nós existe um coração frágil e sensível que não quer se machucar. Vivemos esperando que as pessoas tomem o devido cuidado para não nos ferir ou não dizer palavras amargas e frias. Mas é impossível. Todo mundo se machuca um dia. Ser frágil é correr o risco de qualquer momento despedaçar no chão. Não temos aquela plaquinha: “Cuidado! Objeto frágil”, mas temos algo transparecendo em nossos olhos que pede um pouco de afeição e cuidado. Quem não gosta de ser cuidado? Todo mundo gosta. Todo mundo quer. Também quero. Sei que você também quer. Às vezes, dá vontade de ficar bem pequeno só para caber na palma da mão de alguém. Para se sentir seguro e protegido.

Em alguns momentos a gente sente medo da vida. Medo do que está acontecendo, do que já aconteceu e medo do que pode acontecer. Tudo assusta e tudo dá medo. A gente só quer alguém que possa cuidar bem da gente. Não importa quem seja. Só importa que tenha amor, tenha o que muita gente não tem. Não precisa ter dinheiro. Não precisa ter roupa cara. Não precisa ter uma casa enorme. Só precisa ter bons sentimentos e boas intenções.

Estamos cansados de inveja, de gente interesseira, e que só quer nos usar. Se você chegou com essa intenção, por favor, dê meia-volta e vá embora. Aqui só entra quem quer cuidar. Só entra quem quer ficar. Só entra quem quer amar. Só entra quem quer somar. Cansamos de ser diminuídos. Queremos nos sentir importantes na vida de alguém.

Gosto do abraço protetor. Gosto do afago com sabor de amor.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Reencontrar

A alegria da saudade é o reencontro. Reencontrar é muito bom, mas ruim mesmo é ter que partir de novo. Foi muito bom ter voltado aqui. Foi muito bom ter revivido algumas coisas. Foi muito bom sorrir com quem me faz sorrir de verdade. Não foi como eu pensei que seria. Nem tudo é como a gente pensa. A gente só precisa aceitar para não doer muito. Não entendo porque a saudade dói tanto. Mas acho que se não doesse não seria saudade. A saudade precisa doer pra gente saber que ela existe. Ela precisa apertar os braços das lembranças em volta do nosso corpo só pra mostrar que aquelas pessoas ainda existem e esperam para nos reencontrar.

Sentir o toque. Sentir o abraço. Sentir o carinho, o afeto e o amor. Reencontrar tem de tudo um pouco. Quando você reencontra, percebe que tudo está no mesmo lugar, mas você não está mais naquele lugar. Muita coisa mudou dentro de mim. Senti que isso não agradou muito. E não precisou ninguém me dizer. Dá pra ver no reflexo do olhar. Tem coisa que a gente não precisa usar as palavras para mostrar o que sente. Agora entendo que todo mundo precisa mudar um dia. E quando você muda, inevitavelmente, enxerga o mundo e as pessoas de outra forma. Talvez o “mundo” também esteja me olhando de outra forma. Mas é o que eu sou e o que eu sinto. Se você me acolher na sua vida, na sua casa que tem nome de coração, você precisa aceitar o pacote completo. Tudo o que tem dentro. Coisas boas e coisas ruins. Todo mundo tem um pouco de ruindade. Todo mundo tem bastante bondade escondida. Não venha me dizer que uma pessoa é totalmente ruim. Não acredito nisso.

A saudade vai tomar o seu lugar de novo. Vou sentir falta do olhar de mãe e de preocupação da minha madrinha. Vou sentir falta do “tem que comer mais, menino!” da minha avó. Vou sentir falta de alguns sorrisos amigos. Vou sentir falta da cumplicidade com alguns. Não vou sentir falta do que não é bom. Quero deixar pra trás o que não me faz bem. Não quero remoer o que passou. A vida tem passado muito rápido e tenho percebido que não vale a pena ficar estacionado no ressentimento. Quero sentir paz ao lembrar de todo mundo. Quero sentir vontade de abraçar mais uma vez e ficar ali em silêncio. Tanta coisa vai fazer falta. Mas eu tenho que ir. A vida precisa continuar. Ela sempre continua. Com dores ou sem dores. A gente precisa continuar esse caminho que escolhemos trilhar. Um dia a saudade alivia. No outro dia, ela aperta um pouquinho. E a gente vai seguindo na esperança de um dia poder reencontrar.

sábado, 14 de julho de 2012

Só encontra o caminho, quem antes se encontrou

Perdi muito tempo tentando me encaixar em algum lugar. Mas eu não cabia em nenhum dos lugares aonde ia. Era sufocante viver onde não tinha espaço. Era triste viver enclausurado dentro de mim mesmo. Eu queria que, aquilo que estava dentro de mim, fosse embora. Mas a minha libertação não iria acontecer dessa forma. O segredo da minha libertação estava em aceitar o que está dentro de mim.

Enfim, encontrei um lugar onde me encaixei perfeitamente. Dentro de mim. Esse é o melhor lugar. Não é uma cidade, um estado ou um país. O melhor lugar para uma pessoa morar é dentro dela mesma. Aceitando tudo que existe dentro. Não adianta disfarçar e fazer de conta que tudo está bem do lado de fora. Se dentro tudo vai mal, a felicidade nunca chega. A felicidade só é completa quando eu me aceito, me amo e me cuido do jeitinho que eu fui criado. Não importa se sou um pouco torto. Não importa se erro nas palavras. O que importa é que sei o que sou e que gosto do que sou.

Não importa mais se as pessoas não gostam. Essa tarefa é minha. E foi muito trabalhoso conseguir cumpri-la. Na verdade, ainda é difícil. Mas descomplicou um pouco. Já não me cobro mais como antes. Aceito minhas quedas. Aceito meus erros. Tomo todos eles nas mãos e tento aprender alguma coisa boa. Alguma coisa que me faça uma pessoa diferente. Uma pessoa melhor. Porque, afinal, tudo o que acontece tem um motivo escondido.

Gosto tanto desse negócio de esconde-esconde. Gosto do mistério que demora a ser desvendando. Aliás, gosto mesmo quando o mistério não é desvendado. Dá mais cor e graça à vida. Deixa a vida menos insossa. Não estou dizendo que isso me deixa totalmente completo. A vida não se completa só com uma coisa. Só estou dizendo que eu precisava me encontrar. Eu andei perdido por muito tempo. E como eu ia viver sem antes ter me encontrado? Como eu ia tomar uma direção se nem eu mesmo sabia onde eu estava? Agora sei onde estou. Agora sei o que sou. Agora posso seguir um caminho. Torto. Reto. Cheio de pedras. Cheio de espinhos. Cheio de flores. Cheio de escuridão. Cheio de luz. Feito de paz. Feito de angústia. Repleto de cores. Com dias cor de cinza. Mas é um caminho. E todo caminho leva à um lugar. Espero que esse lugar seja bom.

Que seja bom!

sábado, 7 de julho de 2012

O peso das decepções


É impossível viver sem estar exposto aos relacionamentos. Não importa qual seja. Nós sempre nos relacionamos com o que vem de fora. Uns arrumam uma forma de se proteger. Outros arrumam uma forma de se deixar ver. E tudo é muito perigoso para o nosso coração. Porque viver sozinho não é legal. Mas, viver ao lado de gente falsa é pior ainda. Aí, muita gente decidi se fechar para quem chega. E não importa quem seja. A pessoa se torna alguém difícil de se aproximar. Só depois de muito tempo ela sente que pode confiar.

Sempre achei que poderia confiar em todo mundo. O simples fato de eu me deixar ver pelas pessoas, me fazia acreditar que tudo isso seria recíproco. Pensei que se eu desse a mão pra quem caiu, um dia, essa mesma pessoa também me daria a mão quando me encontrasse caído. Pensei que quem ouve, merece ser ouvido. Pensei que quem recebe amor, daria mais amor ainda. Mas não é assim. E me dói muito ver a realidade. Nem tudo é do meu jeito. Nem tudo é verdadeiro. Nem tudo é recíproco. Tenho percebido pessoas que, na minha frente, sorriem e dizem “que bonito, que legal, gostei disso”, mas por trás estão dando aquela risada irônica quando meu nome é mencionado em uma conversa.

É, estou decepcionado. Pensei que todo mundo era meu amigo. Mas acho que eu sou amigo de “todo mundo”, mas nem “todo mundo” é meu amigo.

Calma, eu nem estou cobrando nada. Só queria honestidade, sinceridade e respeito. Mas parece que está muito difícil nos dias de hoje. Estou vendo um monte de dedos acusadores apontados. E estou sentindo falta de compressão, carinho e respeito. Desculpa se assustei muito. Sou humano. Nunca disse que seria perfeito. Eu nunca quis ser. Perfeição eu só encontro em Deus. Nunca cobrei perfeição dos meus amigos ou dos meus “amigos”. Pra te falar a verdade, nem sei mais quem é quem. Está muito difícil traçar uma linha de divisória e dizer “esse sim” e “esse não”. Não sei, mas agora está tudo misturado dentro de mim.

Decepção pesa muito. Agora não está pesando tanto, assim. Aprendi a perdoar. Aprendi a não esperar muito das pessoas. Todo mundo erra. Todo mundo pisa na bola. E pisa feio. Não pisaram somente na bola, pisaram no meu coração. Sem dó. Dó? As pessoas nem sabem mais o que é ter dó. Ninguém se coloca no seu lugar. Ninguém imagina sua dor. Ninguém te dá a mão para levantar. Não estou generalizando. É claro que existe muita gente boa nesse mundo. E eu tenho a alegria de dizer que tenho algumas pessoas do meu lado que sempre estão lá. Quando estou limpinho e cheiroso. Ou quando estou todo sujo e fedido. Pra mim, amigo é isso. Eu achava que tinha muitos, mas não tenho. Tenho poucos. E esses poucos estão bem guardados. Vou tentando, de alguma forma, protege-los dentro de mim.

Não sinto raiva. Não sinto ódio. Não cabe mais aqui dentro. Resolvi ocupar os espaços do meu coração com coisa boa. Com paz. Com luz. Com alegria. Quem estiver incomodado, não precisa ficar. A porta só fica aberta pra quem quer entrar. Nunca obriguei e nunca obrigarei alguém a entrar na minha vida. Entra quem quer. Sai quem não estiver à vontade. É mais difícil do que eu pensava. Muita gente me dizia, mas eu nem ouvia. Não é que eu gosto de sofrer. É que eu acredito nas pessoas e nas suas boas intenções. Estou dizendo isso com vontade colocar pra fora o que está me incomodando. Mas não consigo aliviar tudo. A ferida fica ali. Doendo em silêncio. Busco sempre formas de evitar a dor. Evito perguntar, porque tenho medo da resposta. Evito tocar em tal assunto pra não ver a pessoa torcer o nariz na minha frente. Dói muito ver que aquela pessoa que você só espera amor e compreensão, só te dá falsidade e incompreensão.

Termino dizendo que acho que ainda não aprendi tudinho. É difícil de deixar tudo isso entrar aqui dentro. Vou fingindo que está tudo bem. Vou tentando achar que foi só mais uma falha. Afinal, como eu já disse, todo mundo erra. Mas até quando isso vai durar? Não sei. Só sei que vou tentando achar luz onde só tem escuridão. Tem dia que pesa. Tem dia que alivia. Tem dia que a gente aprende. Tem dia que a gente desaprende tudo. Tem dia que a gente se machuca. Tem dia que a gente se cura. Pra depois se machucar de novo. O coração da gente é muito teimoso e não desiste de amar e ser amor.

Me dê amor, por favor.

Só.

Até logo.