segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Noite fria, coração frio

Noite fria. Meus pés estão descalços e tocam o chão. O frio do piso se une ao frio insuportável do meu coração. Nunca gostei da frieza de sentimentos. Nunca hei de gostar. Como já disse, é insuportável. Não cabe dentro de mim esse coração que se assemelha mais a uma pedra de gelo e não a um coração de carne, vivo e que pulsa com todo fervor. Não é escolha minha. Se assim fosse, não escolheria um coração assim. É claro que isso não quer dizer também que eu seja insensível. São só fases passageiras que qualquer coração (aberto) está sujeito a passar.

Meu coração está aberto. Às vezes, aberto até demais. Admito que há momentos em que perco o controle. Não sei quem está entrando, nem saindo ou pra quê veio, ou o que trouxe. Se é bom ou ruim. Enfim, me perco nas andanças que acontecem no meu interior. No meu jardim escondido. De um tempo cá estou buscando colocar certos limites. Mas sou limitado. E nem sempre consigo limitar as entradas constantes no jardim. Antes preciso entender as minhas limitações (que são muitas por sinal). Sinto que uma das limitações que me impedem de cercar com mais cuidado as portas do meu coração, é justamente a necessidade do outro. A sede de buscar no outro aquilo que eu preciso. Aquilo que me completa e preenche os espaços vazios. Preencher espaços vazios não quer dizer ser “tapa buraco” na vida de alguém. Não. É ser apenas aquilo que o outro precisa. Deus me deu muitos “alguéns” para justamente me mostrar que eu não estou sozinho. E por isso sou sempre agradecido.

No entanto, nem sempre consigo distinguir as boas intenções daqueles que chegam, daqueles que querem entrar. Trazendo em si uma bagagem que nem sempre tem o desejo de felicidade. Sei que o outro é também imperfeito. Mas as intenções erradas não têm nada haver com suas limitações. Ser limitado não é ser fonte de destruição dos sentimentos e do afeto do outro. Nós precisamos entrar no coração do outro para levar o nosso melhor, aquilo que nós desejamos tanto que ele tenha, sem limitações. Ser paz, amor, aconchego, cobertor numa noite fria, refúgio numa tempestade. Ser muito mais além do que nós possamos entender.

E quando isso tudo não acontece vem a decepção, a desilusão. Porque eu abri as portas, o outro entrou, não trouxe o que eu precisava. Pelo contrário, trouxe tudo aquilo que eu estava evitando e fugindo de toda forma. Então, o gelo começa a se formar, como uma casca, envolvendo todo o coração. Impedindo a passagem. Tantos querem entrar. Trazer aquilo que nós precisamos. Trazer consigo a intensidade de um amor verdadeiro. Amor que é capaz de curar toda ferida. Toda decepção e desilusão. Por maior que tenha sido a decepção, ela não é capaz de superar a força de um amor verdadeiro.

Estou aqui tentado abrir passagem pra quem quer entrar de verdade. Pra quem traz em si um desejo de paz. Meu coração já está cansado das mesmas angústias. Meus olhos já estão cansados de ver a mesma cena. Meus ouvidos também se cansaram de ouvir a mesma melodia. Quero tudo novo. Quero ver de novo. Quero acreditar de novo que tudo pode mudar. Quero aquecer meu coração com a chama do amor.

Vou agora chegar bem pertinho das chamas desse amor. Vou deixar elas me envolverem. Derreterem por completo meu coração de pedra (de gelo). Até que a passagem esteja livre. E eu possa, enfim, voltar a ter um coração aquecido. Que sabe amar. Só quero amar. Só isso. É tão simples, mas às vezes, tão difícil. Mas estou aprendendo. Eu sei que posso e sei que consigo.

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