sexta-feira, 26 de julho de 2013

Ainda te amo?


Estou repleto de você. Estou inundando. Estou transbordando. Minhas bordas não me suportam mais. Não caibo em mim e isso não é mais um clichê de mulherzinha. Estou aos pedaços que é para somente te lembrar que você precisa me juntar quando chegar. Não sei mais o que é estar inteiro. Esqueci a sensação. Esqueci tanta coisa. Esqueci meus maiores temores. Você bem sabe o quanto temo braços cruzados e corações vazios de amor. Estou inebriado mesmo quando você está ausente. Você deixa rastros em mim. Você está aqui. Sim, eu posso te sentir mais próximo. É tudo ilusão. Você nunca se foi. Nem eu me fui daquela cidadezinha de nome estranho e poucos habitantes. Nunca nos deixamos. Ainda estamos sentados no banquinho de madeira e naquela noite de lua cheia. Estamos um ao lado do outro. Nossas faces se voltam para o céu. Mas o céu está em teus olhos, meu amor. Não, eu nunca te chamei de amor e nunca pensei na possibilidade de você ser meu. Mas agora posso. Aqui eu posso tudo, minha lua. Estamos tão sós ali. Estou em chamas. É sempre assim. Tua ausência faz de mim gelo. Tua presença faz de mim fogo. Mas não quero que minhas chamas de te queimem. Estou me consumindo a cada vez que você me olha. Deixa que eu me derrame sobre você. Seja o meu (a)mar. Sou um pequeno rio. Desajeitado e perdido rio tentando desaguar em algum canto. Não! Eu não quero desaguar em qualquer lugar. Quero desaguar em você. Ainda não encontrei o caminho que me leva até o teu mar. Ainda estou perdido. Ainda estou sozinho mesmo estando ao teu lado por tanto tempo. Tempo... ah! o tempo não passa dentro de mim. Há um contraste nisso tudo. As horas do lado de fora insistem em passar, em voar, em se perder e em me fazer ficar perdido. Quero me agarrar na tua presença, mas logo vem a tua ausência fazendo as minhas chamas se dissiparem no ar. Sou gelo. E espero que os teus (a)braços venham me derreter inteiro. Voltarei a ser rio a querer encontrar o mar. Posso voltar a ser fogo se você assim quiser. Apenas me deixe ser. Não seja tão inacessível. Não esqueça das vezes que você me roubou, que você me levou mesmo sem querer. Não se assuste. Estou aqui mais uma vez dizendo que ainda espero por você. Espero. No meio do meu nada, no meio do meu vazio, no meio desse buraco no meu peito que está prestes a me engolir. Espero. Não sei se você chegará. Estou tão confuso. Estou me atropelando. Talvez eu esteja te afastando com toda essa minha intensidade louca e absurda. Você está aqui ao meu lado, mas há um abismo, insuportavelmente fundo, entre nós. Espero... mesmo pensando que não há ponte que nos aproxime outra vez. Não importa mais nada. Apenas me basta a certeza de que estou inundado de você. Não sei como isso pode acontecer mesmo com a distância que há entre nós. Fiz nó em você. Será isso? Vem agora ao meu pensamento que o impossível talvez seja sinônimo do amor.
Eu ainda te amo?