
“Sinto que toda aquela carga de angústia e inquietação que eu tinha está-se indo. Quero muita calma daqui pra frente.”
(Caio Fernando Abreu)
Em uma tempestade uma pessoa frágil pode ser um guarda-chuva para outra pessoa (também) frágil. Ai me perguntam: como se as duas são frágeis. Sabe.. aprendi e estou aprendendo que uma fragilidade pode proteger a outra. Porque ambas se conhecem, se entendem e se encontram no meio das constantes tempestades. As fragilidades se misturam e se tornam tão claras, tão limpas e tão fortes que não há nada que possa destruir a força que vem de um coração frágil e sensível.
Nós caímos porque esquecemos que precisamos nos apoiar em alguém, segurar uma mão, ter uma direção.
Muitas vezes a gente só lembra que precisa de uma mão nos sustentando no caminho, quando já estamos caídos. Só nessa situação, lembramos de estender a mão para que Ele nos levante.
Quando ficamos em pé bate aquele orgulho. Aquele pensamento: “Ah, aprendi a andar. Posso fazer tudo sozinho agora.” Sinto muito, mas depois do orgulho vem a queda. Onde está a humildade nessas horas? Me desculpe, mas está no lixo.
Se houvesse mais humildade em nossos corações, no momento em que estamos em pé reconheceríamos que dependemos dEle para continuar caminhando. Precisamos segurar em sua mão e continuar caminhando, como uma criança que não sabe andar direito.
Murcha o peito. Tira o orgulho. E reconhece que sozinho você não pode. Sozinho a gente não consegue. O caminho do orgulho só nos leva ao chão. Deus não quer a gente caia, porque Ele nunca deixou de estender a sua mão acolhedora para nos ajudar a caminhar.
Então, eu caminho ao lado daquele que não me desampara. Seguro em sua mão e vou...
Nosso olhar sobre a vida dos outros, às vezes, é muito comparativo. Temos essa mania absurda de ficar comparando o que nós vivemos, somos e fazemos com a vida das pessoas que estão perto de nós. Acho isso muito feio. É como se você quisesse se encaixar dentro de um molde que não te cabe.
Não há nada mias verdadeiro e transparente do que ser apenas aquilo que nós somos. Ser do jeito e da forma que Deus nos fez. Deus em seu perfeito plano de amor criou um molde (ou uma forma) para cada um de nós. Molde esse que é exclusivo, único, e jamais vai existir outro parecido a esse. A gente só cabe dentro dele, por mais difícil que seja viver dentro desse molde, é ali, dentro dele que a nossa vida é completa. Por que ser completo, não é procurar na vida dos outros, aquilo você acha que lhe falta. Ser completo é buscar naquele te criou tudo que você precisa. Mas não sabemos sossegar, sempre queremos desviar o olhar pro lado, pra vida do vizinho. Logo vêm as interrogações: “por que ele é mais feliz que eu?” “porque ela tem mais dinheiro que eu?” “porque ele tem mais atenção, carinho do que eu?” Sempre existe as comparações, nunca estamos satisfeitos.
Insatisfação só nos leva a murmuração. De repente, esquecemos quão maravilhoso é viver a nossa vida, sofrer os nossos próprios sofrimentos, sentir a dor de nossas feridas, nos alegrar com nossa própria alegria. Pra muita gente é difícil fazer isso. É mais fácil viver de comparações. Viver de “eu quero ser que nem ele”. Eu sinceramente não quero ser que nem ninguém. Quero ser eu mesmo. Ser o que sou sem retoques artificiais. Sempre disse isso para algumas pessoas e repito agora: Nunca queira sem igual a alguém. Queria ser você mesmo. Porque Deus te criou assim. E também deu algo especial para você.
Aceitar a sua realidade, aquilo que você é, não vai aliviar as dores de ser você, mas vai te dar uma graça muito grande. A graça de viver a vida que Deus te deu. Se Ele te colocou nesse molde é porque você pode ser feliz e completo nele. Ainda que seja doloroso.. o que importa é viver a verdade e não a mentira. Deus vai nos ajudar, pois Ele sabe muito bem dos nossos limites. Foi Ele quem nos criou. Se você não consegue ver o lado bom disso, é por que você está cego pela exagerada insatisfação.
Tente olhar de outra forma a sua própria vida. Veja o quanto você é especial. Não existe ninguém igual a você. Pra quê essa vontade de viver a vida do outro? Queira ser você. Ainda que dê trabalho e te exija muito esforço. O Importante agora é ser você. É ser verdade no meio de todas as mentiras que existem nesse mundo.
Quero de novo aquele toque que me toca
Quero de novo aquela presença que me acalma
Quero de novo aquela chama que me aquece
Quero de novo aquela chuva que me refresca nos dias quentes
Quero de novo aquele sorriso verdadeiro
Quero de novo aquela leveza de estar dependente do Pai
Quero de novo aquele colo acolhedor e que me faz receber amor
Quero de novo aquilo tudo levaram de mim
Quero de novo aquele olhar firme e fixo naquele que me ama
Quero de novo aquele desejo de lutar pelos sonhos que Deus plantou em mim
Quero de novo aquela esperança por dias sempre novos e renovados
Quero de novo aquela esperança na mudança das pessoas
Enfim, talvez seja muito, mas só quero tudo de novo...
Noite fria. Meus pés estão descalços e tocam o chão. O frio do piso se une ao frio insuportável do meu coração. Nunca gostei da frieza de sentimentos. Nunca hei de gostar. Como já disse, é insuportável. Não cabe dentro de mim esse coração que se assemelha mais a uma pedra de gelo e não a um coração de carne, vivo e que pulsa com todo fervor. Não é escolha minha. Se assim fosse, não escolheria um coração assim. É claro que isso não quer dizer também que eu seja insensível. São só fases passageiras que qualquer coração (aberto) está sujeito a passar.
Meu coração está aberto. Às vezes, aberto até demais. Admito que há momentos em que perco o controle. Não sei quem está entrando, nem saindo ou pra quê veio, ou o que trouxe. Se é bom ou ruim. Enfim, me perco nas andanças que acontecem no meu interior. No meu jardim escondido. De um tempo cá estou buscando colocar certos limites. Mas sou limitado. E nem sempre consigo limitar as entradas constantes no jardim. Antes preciso entender as minhas limitações (que são muitas por sinal). Sinto que uma das limitações que me impedem de cercar com mais cuidado as portas do meu coração, é justamente a necessidade do outro. A sede de buscar no outro aquilo que eu preciso. Aquilo que me completa e preenche os espaços vazios. Preencher espaços vazios não quer dizer ser “tapa buraco” na vida de alguém. Não. É ser apenas aquilo que o outro precisa. Deus me deu muitos “alguéns” para justamente me mostrar que eu não estou sozinho. E por isso sou sempre agradecido.
No entanto, nem sempre consigo distinguir as boas intenções daqueles que chegam, daqueles que querem entrar. Trazendo em si uma bagagem que nem sempre tem o desejo de felicidade. Sei que o outro é também imperfeito. Mas as intenções erradas não têm nada haver com suas limitações. Ser limitado não é ser fonte de destruição dos sentimentos e do afeto do outro. Nós precisamos entrar no coração do outro para levar o nosso melhor, aquilo que nós desejamos tanto que ele tenha, sem limitações. Ser paz, amor, aconchego, cobertor numa noite fria, refúgio numa tempestade. Ser muito mais além do que nós possamos entender.
E quando isso tudo não acontece vem a decepção, a desilusão. Porque eu abri as portas, o outro entrou, não trouxe o que eu precisava. Pelo contrário, trouxe tudo aquilo que eu estava evitando e fugindo de toda forma. Então, o gelo começa a se formar, como uma casca, envolvendo todo o coração. Impedindo a passagem. Tantos querem entrar. Trazer aquilo que nós precisamos. Trazer consigo a intensidade de um amor verdadeiro. Amor que é capaz de curar toda ferida. Toda decepção e desilusão. Por maior que tenha sido a decepção, ela não é capaz de superar a força de um amor verdadeiro.
Estou aqui tentado abrir passagem pra quem quer entrar de verdade. Pra quem traz em si um desejo de paz. Meu coração já está cansado das mesmas angústias. Meus olhos já estão cansados de ver a mesma cena. Meus ouvidos também se cansaram de ouvir a mesma melodia. Quero tudo novo. Quero ver de novo. Quero acreditar de novo que tudo pode mudar. Quero aquecer meu coração com a chama do amor.
Vou agora chegar bem pertinho das chamas desse amor. Vou deixar elas me envolverem. Derreterem por completo meu coração de pedra (de gelo). Até que a passagem esteja livre. E eu possa, enfim, voltar a ter um coração aquecido. Que sabe amar. Só quero amar. Só isso. É tão simples, mas às vezes, tão difícil. Mas estou aprendendo. Eu sei que posso e sei que consigo.
“De vem em quando morro de vergonha de mim. E se eu fosse você morreria de vergonha de mim também. [...]
[...] A gente se preocupa com pequenices. Com tolices. E agimos feitos uns coitados. Ai, coitada de mim, ele me deixou. Ai, coitada de mim, não entro no jeans. Ai, coitada de mim, queria ter olhos verdes. Ai, coitada de mim, queria ter 5 cm a mais. E quem passa fome e frio? E quem não tem ninguém no mundo? E quem se mata trabalhando pra chegar um imbecil com uma arma dizendo quero-toda-tua-grana? E quem tem uma doença terminal? E quem tem um filho autista? E quem quer morrer, pois não agüenta a dor que sente no corpo? E quem está ferrado, sem um puto no bolso, sem plano de saúde e tem que fazer uma cirurgia que custa R$ 65.000,00? E?”
(Clarissa Corrêa)
Bipolar não é a definição certa pra mim. Acho que é mais que isso. Não é ser duas caras não, nem ser falso, nem usar mascara. Nada disso. É só uma variação enorme que meu estado emocional, às vezes, sofre.
Num momento meu coração está gritando por alguém. Por colo, por um abraço, por um toque. Gosto de contato físico. Talvez seja pela carência que trago comigo. Sou carente e não tenho vergonha de dizer isso. É melhor eu ser verdadeiro aqui e dizer o que sinto de verdade. Do que ficar tentando fazer “showzinho” e depois dizer: é só o meu jeito de ser e nem sou carente. Mentira. Na verdade a pessoa que mais grita, xinga e esperneia é aquela que mais tem carências, mas tem medo de dizer a verdade.
Prefiro viver a verdade do que eu sou, do que a mentira camuflada pelo medo de ser rejeitado. Mesmo com toda essa carência.. existe outro lado que deseja pedir sossego, ficar sozinho, calado, observando os fatos. Nem todo mundo entende isso. Mas todo mundo têm os seus momentos. Eu tenho os meus e você tem os seus. É natural. É ser humano. Também é viver.
Quero muita coisa ao mesmo tempo. De uma vez só. Quero engolir tudo sem antes mastigar. Talvez isso me leve até essa tal de “bipolaridade”. Não sei se deve ser chamado assim. Repito. Isso só me deixa confuso, às vezes. Tudo fica misturado. Um sentimento se junta ao outro. Um acontecimento se arrasta por cima do outro. Mal acabei de sentir um momento e já vem outro, carregado de emoções diferentes. Preciso, precisamos aprender a mastigar cada momento que vivemos, com calma, vivendo a verdade do que somos.
Quem me conhece bem, sabe o quanto gosto de solidão. Sabe que eu também gosto de ficar sozinho, ouvindo música, lendo e escrevendo, me encontrando com o meu Senhor, enfim... me fazendo companhia. Mas nem o mais apaixonado pela solidão pode negar que sempre carrega em si uma necessidade imensa de uma companhia verdadeira, real. Que acolha, abrace, faça cafuné e o deixe ser quem é de verdade. Sem precisar se esconder nas sombras do medo. Sou eu, este apaixonado pela solidão, porém aquele que também nunca dispensará uma presença intensa que me traga aquilo que eu sempre procuro.
Estamos nessa constante procura do que somos, do que queremos, para onde iremos... E nessa procura é preciso que haja também o outro ao nosso lado. Ninguém pode viver sozinho. Nem aquele que se acha o mais forte do mundo. Nem aquele que acha que toda a sua fortuna basta para viver. Dinheiro não substitui aquele abraço acolhedor, aquela mão estendida, aquele olhar sincero e tão brilhante de amor. Se ele pudesse comprar tudo, muitos ricos não viveriam uma vida vazia, com os pés no precipício, prestes a se entregar às suas angústias e tristezas. Nada pode comprar a sinceridade e a pureza de um sentimento. Nada!
Para muita gente ainda é muito difícil ter que engolir o próprio orgulho e admitir que precisa também de alguém em sua vida. Um amigo, uma namorada, uma esposa, alguém... Talvez é até insuportável, mas se a gente não engole esse “bendito orgulho” vamos acabar sozinhos. É tão triste perceber o quanto as pessoas estão se transformando num ser mesquinho, egoísta e que só pensa no seu mundinho. Mal consegue dar uma espiada no “mundo” do outro. Vive só para si. E ainda pensa que as pessoas que estão erradas. Que são as pessoas que não querem se aproximar. Essa é só uma forma de não assumir que suas atitudes estão erradas. Culpar o outro, às vezes, se torna a melhor solução. Pra quê? Eu posso viver muito bem sem eles! Sou feliz sozinho e não preciso de ninguém. Eu sei que muitos e muitos ainda pensam assim e por mais triste que isso seja, no fundo eu acredito que ainda exista uma necessidade muito grande por alguém, por braços que acolham seu corpo e seu coração cansado. Acredito que o coração mais duro pode ser amolecido. E não importa o tempo que demore.
Pense bem em qual situação você está nesse momento. Talvez você está pensando que as pessoas te abandonaram, que deixaram de te amar e que era tudo falsidade. Mas será que o “problema” não está em você? Quem sabe eles ainda tentam ou tentaram se aproximar, mas você já estava todo envolto de espinhos, preparado para repelir e rejeitar a presença de quem chegava mais perto de você? Ai, eles se afastaram, se sentiram machucados por suas palavras tão amargas e orgulhosas. Palavras que com certeza machucaram depois o seu coração, que eu garanto que não é de ferro nem de pedra. Ainda que você tenha feito isso. Eu quero te dizer que eu acredito em você e sei que ainda existe um coração sensível ai dentro, e que pode voltar a amar, a se abrir pra quem bater. E não ser mais espinhos. Ser flor nesse jardim da vida. Flor que traz vida, perfuma, dá cor e alegria.
Não culpe mais ninguém se você está sozinho. Pense bem antes. Comece a sondar todas as suas atitudes. Não importa se elas são feias e te dão vergonha. O que importa é se você está decidido a mudar. Queira a mudança. Não tenha medo dela. Ela vai te fazer muito bem. A sua amargura vai se transformar em pura doçura. Porque estar ao lado de quem você ama, é sempre ser para ele, aquilo que você sempre quer que ele seja para você. Se eu quero que o outro me dê carinho, eu preciso começar dando carinho. Conseqüentemente o resto virá. Seja paciente com você mesmo nesse processo de derrubar as barreiras, tirar os espinhos e abrir as portas do coração.
Sabe, quanto a mim... não quero mais ser espinho. Quero apenas ser remédio que cura as feridas de quem se achegar bem pertinho de mim. Que ninguém passe pelo jardim do meu coração sem ser perfumado pelos aromas das flores que nele existe. Se você passar, por favor, não tire nada do lugar, nem destrua alguma coisa. Passe devagarzinho, com calma, deixe a sua marca. Não é porque as portas estão abertas que você pode entrar e fazer o que quiser.
É importante isso: nunca deixe o outro fazer o que quiser no seu jardim. Aprenda a se respeitar. Não é porque bateram que você deve abrir. Deixar de ser orgulhoso não quer dizer que você deve deixar todo mundo entrar na sua vida e fazer o que quiser. Deixar o orgulho de lado é você ter a consciência que você também precisa do outro, mas o outro deve sempre te cuidar, trazer os seus aromas e nunca te roubar aquilo que você tem de mais precioso.
Enfim, estou assim: no meu quarto, sozinho, ouvindo música e o barulho de alguns trovões, escrevendo (ou melhor, digitando), com a luz apagada. Desfrutando um pouco da solidão noturna. Que nunca me deixa esquecer, que existe alguém que não me incomoda se entrar e levá-la embora consigo. Leve minha solidão e me dê sua mão.
Existe uma mesa feita de madeira rústica. Cor mogno escurecido. Meio empoeirada, mas preservada. Nessa mesma mesa há um copo de vidro bem frágil, como se fosse um cristal. É tão transparente que ao olhar há a impressão que pode-se transpassar esse recipiente com os dedos livremente. Sabe, me sinto assim. Mas não é em todos os momentos que me sinto dessa forma: como um copo frágil que a qualquer momento pode ser tomado nas mãos de alguém, e por descuido, pode se deslizar das mesmas mãos e cair no chão. E se quebrar. Despedaçar-se em incontáveis pedaços.
Ora sou forçado a me sentir assim, ora me coloco por vontade própria nessa situação. Torno-me um objeto frágil e vulnerável nas mãos de qualquer acontecimento que vier ou acontecer. Parece que posso ouvir os estalos vindos de dentro. O medo me faz contorcer. É como se eu pudesse ver aquelas mãos me tomando sem piedade, me observando... sondando cada minúsculo detalhe de mim. Só consigo observar esse momento. Sentindo-me impotente. Sem nada fazer. Sem ao menos conseguir tentar.
Ao me tocar, sondar e conhecer, tudo de mim fica exposto. É como se aquela mesma mesa estivesse em uma sala iluminada, mas o único local onde permanecia sem iluminação fosse o cantinho discreto, onde permanecia aquela mesa rústica. E de repente todo foco mudasse bruscamente, como uma inversão, todo o foco de luz fosse para aquela mesa, tornando aquele copo o centro de toda atenção. Nu estava ele ali. Podia ser tocado. E ao ser tocado.. podia ser observado e sondado. Assim acontecia. Só havia tremores dentro de mim que pediam urgentemente que aquelas mãos não soltassem aquele copo.
O pedido não cessava. Cada segundo era tão intenso. O medo torna as coisas mais enérgicas do que elas realmente são. Tão quebrável. Deveriam colocar um rótulo, escrito em letras maiúsculas: “CUIDADO, OBJETO FRÁGIL!”. Mas se bem que um rótulo não importaria. Tudo se inseria em um momento que custava em passar. As mãos ainda sustentavam o copo. A tensão e a pressão ainda continuavam permeando todos os espaços.
Os momentos não passariam tão cedo. Uns dias seriam e serão mais amenos. Chegarão dias em que o copo ficará ali, imóvel naquela mesa. Mas os momentos... esses nunca deixarão de existir. Por quê? Porque são eles que não permitem que aquele copo se torne um objeto frio, sem vida, sem sensibilidade e fragilidade. Pois é nesses momentos em que se prova o quanto ele é frágil e quebrável. Sim. É isso que sou: quebrável. E não preciso de rótulos, nem etiquetas para que saibam disso. Sou. Aos que se acham “fortes demais”, cuidado! Pois você pode estar se escondo atrás de uma fortaleza, enquanto você sabe que também é uma pessoa frágil. Nós aprendemos a ser fortes quando assumimos a nossa fraqueza.
“Nada é impossível para Ti
Tu seguras meu mundo em Suas mãos”
Isso me faz descansar mesmo ouvindo o barulho da tempestade lá fora. A fidelidade dEle é tão inabalável. Mesmo nos dias em que me deixo abalar pelas circunstâncias da vida, Ele continua ao meu lado me segurando em suas mãos, me sustentando para que eu não caia. Sua doce voz ecoa dentro de mim. Alcança os lugares mais escondidos dentro de mim. Me traz paz e me deixa em paz. E de repente percebo que tudo que eu preciso.. posso encontrar nEle. Ficar olhando a tempestade cair através da janela não vai fazer com que ela diminua, pelo contrário, só vai aumentar o medo de andar no meio dela. Mas quando começo a ver além dela, posso ver o rosto do Senhor, seus braços me convidando a seguir sem medo. Andando mesmo no meio de toda tempestade. Talvez Ele esteja esperando o primeiro passo, que é começar a caminhar na sua direção. Porque nem sempre Ele acalma as tempestades antes de nós começarmos a caminhar. É na caminhada que a tempestade é acalmada.
Viver é estar sempre sujeito às marcas dessa vida. Desde o primeiro momento em que viemos ao mundo até o nosso último suspiro. Se não houver marcas em nós é por que (sinceramente) não vivemos de verdade. De alguma forma “vivemos”, mas sempre envoltos por uma casca grossa que sempre impedia as circunstâncias e os acontecimentos da vida de deixarem marcas sensíveis em nosso coração. Temos a graça maravilhosa de estarmos vivos. Deus nos deu essa graça. Vamos fazer a diferença em nossos dias. Vamos deixar de ser robôs, sem sentimentos, sem sensibilidade ao que está acontecendo. Vamos viver como quem não tem nada a temer. Viver sem ter medo das marcas. Porque marcas sempre trazem sensações boas. Como alegria, paz, saudade, satisfação... Tire a casca grossa que te envolve e fique vulnerável. Pois quem está vulnerável se torna uma pessoa mais viva, mais corajosa.. É como Caio Fernando disse: "Porque, acredite em mim, uma cicatriz não se forma num morto. Uma cicatriz significa: "Eu sobrevivi"."
Com amor para a mãe do meu Senhor
Quisera eu ser como Maria
Dizer meu ‘sim’ com santa ousadia
E confiar cegamente e sem medidas
Nos cuidados que guiará minha vida
Consumir minha vida no amor
E pelo amor ser provado na dor
Chegando até o calvário do meu Jesus
Contemplando as suas feridas e seu olhar na cruz
Em cada lágrima que escorrer
Que em ti eu possa me esconder
Mãe de amor, mãe do meu Senhor
Cobre-me com teu manto de amor
Ensina-me a silenciar
Quando a tempestade não quer se calar
Ensina-me a esperar
Do que me adianta ter joelhos calejados e não ter um coração totalmente quebrantado e que sabe amar e perdoar as pessoas que estão perto de mim? A resposta é bem simples e clara: não adianta nada! Todo esforço físico diante de Deus sem amor, doação e uma profunda submissão à sua vontade, é algo vazio e sem valor. Pois Ele é tão belo que não nos pede nada além da doação do nosso próprio coração. Ele não quer apenas os “atos externos”, os rituais, os joelhos dobrados pra que todos vejam que estamos adorando-O. Ele quer mais, muito mais do que nós possamos dar: o nosso coração.
É tão simples, mas nem todos conseguem. Porque hoje em dia é tão difícil encontrar alguém que se possua, que tenha posse de si mesmo, do seu coração. Alguém que faça as coisas por amor e não por religião, para cumprir preceito ou quem sabe pra se “mostrar”, para chamar a atenção para si mesmo. Infelizmente é assim que acontece com muitas pessoas. E Deus se entristece, pois Ele quer que seus filhos se acheguem à sua presença por amor e não por obrigação. Ele nos concedeu a liberdade de escolha.
Me angústia, mas eu me pergunto se meus “rituais” e meus momentos com o meu Pai Celestial têm se transformado em momentos monótonos, vazios, cansativos, algo obrigado e forçado. Estou precisando me sondar e perceber se realmente eu possuo o meu coração ou se é os outros que têm posse dele. Preciso e precisamos ter posse do nosso próprio coração, para depois o entregarmos a Deus, o nosso Pai.
A partir do momento em que entregamos o nosso coração livremente à Ele, conseqüentemente percebemos o quanto Ele tem para fazer em nosso coração. E começamos a valorizar mais a sua presença, os momentos em que nos colocamos em adoração e em intimidade com Ele, assim como quando estamos com um amigo bem intimo. É uma relação de amor. Onde o amado fala com quem ama. Recebe do amado as palavras de conforto, cura, restauração, repreensão (quando for preciso). Nos ensina a maior lição: amar o outro do jeito que outro é.
Quanto mais mergulhamos na intimidade com o Pai mais percebemos o quanto Ele quer nos transformar. O quanto Ele não se importa tanto com “atos externos” que fazemos. Por que não adianta nada na frente das pessoas eu ser uma coisa, e por trás ser outra totalmente diferente. A questão é: “quem eu sou quando ninguém está me vendo?” Deus não te vê somente quando você está com os joelhos no chão ou quando está com as mãos levantas. Ele nos vê em todos os momentos. O seu olhar nunca nos abandona. Nós sim podemos abandonar a sua presença, mas Ele não. Ele é fiel no que diz. Ele disse que vai estar conosco sempre. É uma promessa e uma aliança que Ele mesmo fez conosco.
O que será que precisamos mudar? Comece a se perguntar. Não são as marcas nos seus joelhos, a Bíblia em sua mão que vão mostrar que você tem o seu coração entregue nas mãos de Deus. Nossas atitudes podem refletir mais do que pensamos. Pense nisso.
Paz em seu coração de filho de Deus.
"Pouco se fala do semblante das pessoas hoje em dia. A mídia é tão ligada à beleza exterior, que não olhamos as pessoas direito. Está tudo ali, na frente dos nossos olhos. Certa vez, alguém me disse que conhecemos uma pessoa na primeira vez que conversamos com ela, olhamos nos olhos e sentimos a energia. Depois deste dia, comecei a perceber que é verdade. Não precisamos de anos para conhecer alguém. mas precisamos de anos para fortificar os laços. Conhecer, nós conhecemos pelo semblante. Olhar e ouvir são os sinais do ser humano. Quantas vezes a pessoa te fala algo e você sente que a idéia não corresponde aos fatos. Por isso cuido dos meus pensamentos, dos meus olhos para que a minha alma evolua e resplandeça."
(Denise Portes)
Fechar os olhos não era tão difícil assim. Há algum tempo atrás não havia medo de me ver por dentro, pois é isso que fazemos quando fechamos os olhos, nos deparamos com aquilo que existe dentro de nós. Limpo ou sujo. Iluminado ou escuro. Arrumado ou bagunçado. Nosso coração sempre vai estar de alguma forma. E sempre é preciso dar uma olhadinha pra ver como está a situação desse quarto que é o nosso coração.
Nunca encontrei dificuldade em fazer isso. Mas agora.. Ah, agora está surgindo um medo de fechar os olhos e me deparar com aquilo que não quero. Por mais que eu não queira aceitar o que existe dentro mim, isso não vai fazer com que tudo isso deixe de existir. Se existe é preciso deixar que exista. A única coisa que eu preciso fazer é me encarar e me olhar, no espelho do meu próprio coração, aquilo que compõe os meus defeitos e virtudes.
Confesso, que nem em palavras consigo expressar tudo que sinto. Só tenho vontade de mudar, de me encarar.. lutar contra toda escuridão, limpar toda sujeira que existe. Não importa a proporção. O que importa agora é que o amor de Deus é maior. Esse amor é maior que minha própria vontade de desistir de mim, de me lançar no nada das minhas misérias. A vontade de desistir é tão grande. São tantos “fantasmas” que me assustam e que mal me deixam fechar os olhos e sossegar um pouquinho o coração. O que era sossego se transformou em aflição. Mas não existe aflição que seja maior que o amor que Deus tem por você e por mim. Ah... ah, nem você, nem eu sabemos o tamanho, a profundidade desse amor. É um amor tão intenso, tão fiel, tão confiante. Sinto que Deus, muitas vezes, acredita mais em mim do que eu mesmo acredito. Ele sabe melhor das minhas limitações do que eu mesmo. Afinal, quem ama conhece perfeitamente o amado, melhor do que ele mesmo possa se conhecer.
Precisamos nos apoiar nesse amor e começar a ter esperança, e acreditar que somos capazes de ser pessoas novas e renovadas. Mesmo que nossas mãos tenham desfalecido, as mãos dEle vão nos ajudar a completar essa faxina interior que precisamos fazer. Poderemos voltar a fechar os olhos e ver a nossa realidade. Ainda que ruim. Ainda que tão ferida pelas marcas da vida. Haverá um olhar diferente. Olhar de esperança e que nos motiva a continuar sem desistir.
Hoje é mais um dia para insistir. Sou teimoso. E vou continuar teimando em fechar os olhos pra me assustar. Porque o susto gera uma reação e não nos deixa parados e acomodados no que somos. Fecho os olhos. Espio. Sinto medo. Me assusto. Mas não desisto. Desistir enquanto estou contemplando o amor de Deus por mim é covardia. É hora de tentar de novo!