sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O tesouro


Em algum canto da minha alma (se é que a alma tem cantos) há uma sensação inquietante e que não consigo identificar o que é. Só sei que existe algo em mim que deseja liberdade. Sinto-me encarcerado dentro de mim mesmo nesse momento. Sinto minhas mãos tocarem as grades que me cercam. Não consigo emitir nenhum som. Não consigo gritar. Há silêncio dentro de mim. Esse silêncio sufocante. Talvez seja o silêncio a causa disso tudo, que parece tão simples. Mas, que, teimosamente, complico. Complico tudo. Não importa o que seja. Complico e ponto. Não estou conseguindo me envolver com coisas simples. Quero o complicado. Quero ir no fundo. Não quero a superfície. Quero entender. Quero saber. Quero os pequenos e mínimos detalhes. Vou cavando um buraco dentro de mim como quem está procurando um tesouro dentro de uma mina. Cavo, cavo, cavo. Me canso. Vez em quando me vejo perdido dentro dessa mina que sou eu. Olho para todos os lados e não vejo nada. Vazio. Silêncio. Nada. Só me resta cavar mais. Insistir e persistir. Um dia encontro o tal caminho certo. Um dia encontro esse tal tesouro que tanto procuro. Tesouro que foi escondido em algum canto, em algum quarto, em algum baú. Em algum lugar deve estar. É isso que me motiva a continuar: saber que o tesouro está em algum lugar. Esperando por mim. Assim como eu espero por ele. A certeza de sua existência faz meus passos avançarem. Essa procura não me deixa descansar. Apesar de querer alguns momentos de descanso. Há momentos em que minhas mãos estão fatigadas e os pés estão calejados de tanto andar. Mas essas andanças de cada dia me levam para mais perto da verdade, da realidade. Quero ir. Deixa-me ir. Deixo-me ir. Permito-me ir. Mesmo cansado. Mesmo fatigado. Mesmo querendo desistir de mim. Mesmo, às vezes, achando que essa busca é em vão. Mas não é. Encontrar-se não é em vão. Vão é desistir e nunca tentar. Então, vou tentar. Licença. Preciso continuar agora. Cavo... cavo... cavo... paro... paro... mas depois continuo. E assim a vida continua. Continuemos.

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