sábado, 8 de setembro de 2012

Numa tarde tentando tocar o intocável


Respirei fundo. Semicerrei os olhos. Desejei poder ver o que há dentro de mim com mais clareza. Desejei ficar mis leve. Desejei tocar o céu. Desejei sentir a brisa mais suave que existe. De tão suave que seja quase imperceptível aos meus sentidos humanos. Só queria que minha alma sentisse. De alguma forma meus pés saem do chão. De alguma forma minhas mãos conseguem tocar o céu. O céu que parecia tão inacessível, tão intocável, tão distante. Fechei os olhos. Enfiei a mão lá dentro e tentei tocar em toda minha força e vontade. Tentei tocar na minha alma. Mas alma não é algo palpável. Desejei profundamente poder sair de mim mesmo para esquecer-me um pouco, e apenas me sentir totalmente livre dessa condição existencial que nasceu tatuada em minha pele. De lá de cima posso avistar o chão. Mas nem ouso olhar. Não me arrisco. Tenho medo do chão me atrair com sua força brutal. Quero voar. Mesmo sem asas. Talvez eu tenha asas. Talvez todo mundo também tenha. Mas elas são invisíveis. Se a gente tem mesmo, posso dizer que as minhas estão quebradas. O que a gente faz quando isso acontece? Ah, acho que já sei. A gente tem fé. A fé me empresta suas asas. A fé me ajuda a alçar voo. Num mundo ondem a incredulidade tem se espalhado como praga em uma plantação. Eu escolhi ter fé. Sobrenatural. Acredito nisso. Acredito que agora nessa tarde quente eu posso voar entre quatro paredes. Paredes não são o meu limite. Minha condição humana e existencial não é o meu limite. O limite sou eu mesmo quem cria. Não acreditar é o maior limite que podemos criar. A gente pode acreditar no que quiser acreditar. Nós somos livres. A liberdade nos oferece o direito de imaginar, de voar, de fazer-de-conta-que, de ver luz onde há escuridão, de ver a porta aberta quando ela ainda está fechada, de ver o sol antes mesmo dele nascer... Abri os olhos mais uma vez. Meu corpo ainda está aqui. Sentado. Meus pés estão no chão. Mas, minha alma não.

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