sábado, 16 de junho de 2012

Subindo a escada



Na busca de mim, vez em quando, me sinto num filme de terror. Subindo numa escada rolante para me encontrar comigo mesmo, com aquilo que sou, de repente, já no começo da subida longa e lenta, me deparo com algo assombroso lá no topo. Algo me espera. Mas o que me espera me assusta muito. Tenho medo. Sinto vontade de voltar. Porém, a escada continua me levando pra mais perto.

Então, decido descer mesmo com a escada rolante me puxando pra cima. Aí começa uma luta. Eu tento descer, mas a escada não deixa. Sinto raiva da escada. Começo a me desesperar. Afinal, o que tem lá em cima não me é agradável. Não quero. Luto contra. Começo a me sentir cansado. Quando dei por mim, percebi que o que me causava tanto medo, e pavor, era justamente o que eu sou e o que eu devia/devo ser.

Então, por que o medo, Rafael? É porque coisas novas me dão medo. E aquilo me parece incomum. Mas, sabe de uma coisa? Sempre quis ser incomum. Não acho legal ser normal.

Dei-me por vencido. Deixei a escada me levar. Agora, no momento em que decidi me encontrar comigo, a escada começou a ficar lenta de novo. É... na hora em que o medo me desesperava, ela começou a ficar mais rápida. O desespero e a vontade de fugir da realidade faz isso com a gente. Tira a paz. Tira o sossego.

Na verdade não existia nenhum monstro lá em cima. Era só uma coisa nova. Um “eu” que eu devia encontrar. Quanto mais a escada sobe, mais eu posso me ver lá em cima. Confesso que, às vezes, quero virar as costas e começar a descer de novo. Dá um cansaço. Mas, lá em baixo as coisas voltarão a ser tudo sem cor. Tudo voltará a ser frio e vazio. É só perceber isso que volto a olhar lá pra cima. Desejando me encontrar comigo. A subida não é fácil. Nenhuma subida é. Mesmo que seja pela escada rolante. Essa é diferente. Mas vale a pena subir. Pois, quanto mais subo, mais certeza eu tenho que é bom estar aqui. Foi bom ter escolhido essa escada. Aqui é cheio de cores. É claro que há dias de preto e branco. No entanto, eles são passageiros. A alegria de ser, dura mais que a tristeza e a insegurança de não ser nada nessa vida.

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