quatro olhos
uns gritando e
outros
tentando
escutar
quatro mãos
tentando tocar
o intocável
quatro pernas
cruzando umas
nas outras
tentando fazer
nó no corpo
meu e o corpo teu.
quatro paredes
e eu posso
sentir
o peso delas
sobre nossos corpos
nenhum ruído
rachadura nada
estremeceu. está
pesado demais.
te vejo
revirar de um lado
para o outro e
eu ficando louco
e você não se
importando nenhum
pouco é
suficiente para que eu es-
corra entre as
tuas virilhas.
rubro.
sangue
cintilando as paredes
do quarto
sangue
maculando o lençol
alvo
sangue meu sangue
teu
nossos sangues
se lavam
e se banham em
si mesmos
não é
homicídio
não foi
suicídio
foi – e é –
sacrifício
oferto-me.
eis-me corpo
nu
eis-me alma
crua
a frieza e a
quietude das paredes
contemplam
aquilo que
o mundo é
incapaz
de conceber.
o gozo lava
leva limpa.
eu me sepultei
no teu corpo
e você dividiu
a tua
sepultura.
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