quinta-feira, 22 de maio de 2014

Sacrifício


quatro olhos
uns gritando e outros
tentando escutar
quatro mãos
tentando tocar o intocável
quatro pernas
cruzando umas nas outras
tentando fazer
nó no corpo meu e o corpo teu.
quatro paredes e eu posso
sentir
o peso delas sobre nossos corpos
nenhum ruído rachadura nada
estremeceu. está pesado demais.
te vejo revirar de um lado
para o outro e eu ficando louco
e você não se importando nenhum
pouco é suficiente para que eu es-
corra entre as tuas virilhas.

rubro.

sangue cintilando as paredes
do quarto
sangue maculando o lençol
alvo
sangue meu sangue teu
nossos sangues se lavam
e se banham em si mesmos
não é homicídio
não foi suicídio
foi – e é – sacrifício
oferto-me.

eis-me corpo nu
eis-me alma crua
a frieza e a quietude das paredes
contemplam aquilo que
o mundo é incapaz
de conceber.

o gozo lava leva limpa.

eu me sepultei no teu corpo
e você dividiu a tua
sepultura.

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