quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Escravizados por um sentimento


Amar é uma experiência maravilhosa. Apesar de saber que também pode ser bem dolorosa. Aquela dor bem aguda pode atingir as profundezas do nosso ser. E nem sempre há um remédio que cure essa dor. O amor vez em quando me parece ser uma dor incurável. Mas, no fundo, sei bem que sempre há um momento de brandura, de paz e de alívio. O amor não é feito só de dor, assim como não é feito só de jardim florido e passarinhos voando e cantando livremente num dia ensolarado. E por mais que eu tente dizer o que é o amor, mais ele fica incompreensível aos meus sentimentos (im)perfeitamente humanos.
Apesar de achar o amor um dos sentimentos mais bonitos que existe, penso que ele pode ser um muito perigoso para quem não sabe lidar com ele. O amor é forte ao mesmo tempo em que é frágil. Sem cuidado, o amor não dura. Sem cuidado, o amor só fere e nunca cura. O amor é um mistério que nossa alma deseja desvendar. Quanto mais se tenta, mais se ama. Talvez esse seja o segredo de amar. Tentar amar, sentir que não consegue amar, e, sem saber que está amando, amar. O amor acontece quando estamos um pouco distraídos e despercebidos. Quando de repente nos deparamos já estamos mergulhados e completamente imersos na imensidão desse mistério.
E como cuidar? Eu não sei. Acho que ninguém tem uma lista com dicas. Você tem? Se tiver, por favor, me mostre. Pois eu queria muito aprender a amar sem nunca deixar-me escravizar por esse sentimento. Infelizmente muita gente acaba assim. Escravo do que sente. Muita gente perde a vontade de viver sua própria vida pra viver a vida do outro. Muita gente deixa o outro imprimir seus sonhos, desejos e gostos em seu coração. Muita gente nem se conhece mais, porque se perdeu tentando encontrar um caminho pra chegar mais perto do coração do outro. Muita gente perdeu a dignidade porque queria só mais uma migalha do amor, da atenção, do afeto e do carinho do outro.
Até onde nós chegaríamos para ter aquela pessoa ao nosso lado? Não sei. Mas penso que não temos limites quando se trata de querer se sentir amado por alguém. Todo mundo gosta de receber amor. Cada um de nós nasce com essa carência grudada na pele. Precisamos de palavras, gestos ou de qualquer outra coisa que acenda a luz e diga ao nosso coração que tudo está bem. E que existe amor no outro. É terrível perceber que esquecemos o nosso amor próprio quando estamos amando alguém.  Não importa se o outro fica no talvez, na dúvida, na incerteza, no silêncio. A gente se contenta com palavras gotejadas no dia-a-dia ou de vez em quando ou de-vez-em-nunca. A gente se submete na esperança de que um dia o tal amor possa dizer que sim, que tudo está certo, que ele sente o mesmo, que vocês vão poder dar as mãos novamente e caminhar lado a lado. E tentar reescrever uma nova história ou, quem sabe, continuar escrevendo uma história que ainda não acabou.
Mas pena que a gente se cansa um dia. Um dia o cansaço nos faz abrir os olhos e ver que o outro não merece estar ocupando todos os espaços da nossa vida e das nossas esperas. E que não dá mais pra alimentar a alma sedenta de amor só de palavras e promessas que nunca se cumprem. Não basta só dizer que ama. O amor não é feito só de palavras. Seria tão bom se fosse. Amar seria mais fácil se fosse só dizer que ama. Mas amar não é só isso. As palavras que não são acompanhadas de atitudes se tornam palavras vaziam e morrem dentro da gente. E, o pior, acabam morrendo junto com a nossa esperança. Porque, querendo ou não, a gente sempre espera que algo mude e que as palavras deixem de ser só palavras, para se transformarem em ação.
Sei que há muitas pessoas já ciaram nesse precipício e nem sabe mais como voltar. As palavras ilusórias foram atraindo cegamente seu coração para o abismo profundo da desilusão. Muitas vezes isso acontece. O outro chega, diz meia dúzia de palavras que a gente gosta de ouvir e depois que conseguiu o que queria, se vai sem deixar vestígios de que irá voltar. E você continua aí, dentro desse abismo, esperando que ele volte pra te buscar. Desculpa, mas nem sempre o outro volta. Há pessoas que se vão pra nunca mais voltar. Fazem o estrago e deixa a gente pra aprender a se cuidar e a se curar.
Por favor, aprenda a escalar esse abismo. Não espere mais. Não se iluda mais. Sei que as palavras molhadas pelo veneno da ilusão ainda ecoam dentro de você. Mas não desista agora de você. Olhe pra cima. Ou melhor, olhe pra dentro de você. Sei que dói ainda. Sei que a ferida ainda está aberta. Mas se você se fechar as coisas só vão piorar. Entenda, ou tente entender, que nem todo mundo sabe o que é amor de verdade. As pessoas entendem mais de corpo a corpo, boca na boca e só. Muitos estão vazios. Mas você sabe que ainda existe amor aí dentro desse teu peito surrado de tanto sentir as dores dessa vida. E é esse amor que te mantem vivo e que te faz querer viver de novo. Não deixe mais que o outro leve a sua vida junto com ele. Não se prenda mais aos passos que não quiseram ficar e nem às promessas que não quiseram se cumprir. Acredite que você é bem maior que isso. Sei que é difícil sentir que existe uma saída. Mas existe. Sempre existe.
O amor é essa esperança que nunca morre dentro de nós. Enquanto houver amor sempre haverá esperança. Quebre as correntes que ainda te prende. Você não nasceu preso a ninguém. Você nasceu livre. Você nasceu passarinho que não foi feito pra viver engaiolado. Veja-se livre e queira ser livre. Livre do domínio do outro. Ainda que esse domínio seja quase imperceptível ou sútil. Voe, passarinho. Voe para outro ninho. Não fiquei mais no meio desses espinhos esperando que alguém venha te curar. Vá buscar sua cura em outro lugar. Peço agora que você vá. A gaiola está aberta. É só voar. Acredite. O amor te fará alçar voo. Alcance o que é seu. Queira somente o que é seu. Não queira mais o que é dos outros. Talvez só assim o outro volte um dia. Ou não. O importante é que você já sabe a verdade. Você é livre. E pode voar.
Voe.

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