sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Começos e finais


Começos e finais. A vida não deveria ser assim com a gente. Não entendo porque tudo tem que ter um começo e um fim. As relações, os sentimentos, as pessoas, tudo deveria ser interminável. Ninguém quer o fim. Ansiamos pelo começo, mas temos um medo absurdo do fim. Porém, a vida é inevitável e irremediavelmente assim. Não há escapatória.
Todos os dias começam e terminam. Começam com a luz do sol e terminam com a escuridão da noite. O fim da tarde é o prelúdio da noite. O sol se vai em cada dia para retornar no outro dia. Algumas pessoas são assim em nossas vidas. Chegam, nos iluminam, nos aquecem, deixam seus rastros e um dia vão embora como a luz do sol. No dia seguinte, o sol volta. Mas se a pessoa não voltar, a vida vai continuar. Não existe só uma pessoa no mundo. Impressiona-me muito algumas pessoas, que se afundam na tristeza e na depressão, porque a pessoa que elas tanto amavam se foi. Relações também podem chegar ao fim. Não há nenhuma garantia de que tudo seja sempre pra sempre. Uma coisa é você ser amado por alguém. Outra coisa bem diferente é sua sobrevivência depender do amor dessa pessoa.
Sempre achei feio ouvir as pessoas dizerem: “você é minha vida”, “não vivo sem você”. É ridículo isso. Então quer dizer que se a pessoa se for, se ela te deixar, se a relação não estiver dando mais certo, você vai desistir também de viver? A sua vida vai acabar no momento em que a pessoa partir? É claro que não. A vida não acaba quando alguém se vai. A vida continua. A vida é rio que segue e não para jamais de fluir. Mas há pessoas que insistem em levantar uma barreira no instante em que são deixadas por alguém. E, a vida, que era pra ser vivida, é adormecida dentro do corpo que acomoda uma alma aflita que não soube aceitar o fim.
O primeiro passo pra quem quer superar um fim é aceitar que acabou e que não tem porque prosseguir. Não dava mais pra empurrar com a barriga. Não dava mais pra forçar a reciprocidade de um sentimento. Não dava mais pra dizer o que o coração não sentia. Ninguém é obrigado a dizer o que não sente. Se não sente, não diga. Se não quer, fale. Mas não engane, não iluda, não esnobe. Eu-te-amo não é bom-dia. Eu-te-quero não é quero-comer. As palavras carregam um punhado muito grande de significados. É melhor um adeus que dói. Do que um eu te amo sem amor.
Você foi até aonde você deveria ir. Fez o que pode. Gastou-se. Lutou. Suou. Feriu-se. Sangrou. Tentou levar pra frente. Engoliu muita indiferença. Mas chegou o fim. Entenda isso. Não é que você é fraco. Desistir nem sempre é sinônimo de fraqueza. Pode ser coragem. Coragem de dar um beijo na face do outro e dizer que ele pode ir. Que você vai ficar bem (mesmo sabendo que vai ser difícil no começo). E desejar de coração que ele também fique bem. Porque, pra quem ama, o que importa é que o outro seja feliz. Claro que nem sempre é assim. De vez em quando dá vontade de xingar, bater, quebrar tudo  e dizer um monte de verdades. Eu sei que dá. Não é fácil aceitar que uma relação de tanto tempo acabou.
O fim deixa o mar da nossa vida muito agitado. Falta paz. Falta paciência. Mas quer saber de uma coisa? Você não está sozinho nessa. Tem muita gente que também passa por isso. E todo mundo supera. Sei que agora é bem difícil acreditar que você vai superar e que a dor logo vai passar. Tudo está à flor da pele. O mar está revolto. Você sente vontade de desistir. Mas não dá. A vida sempre nos reserva surpresas. A qualquer momento você vai encontrar a sua paz. E uma alma especial vai passar pela sua no meio dessas ruas de procuras e buscas insaciáveis. Vai te reconhecer. Vai estender a mão pra você. Você vai sentir medo de retribuir o gesto. Mas logo você estenderá a mão pra essa alma especial. E juntos vão escrever uma nova história. Sem medo do fim.

Um comentário:

  1. Começos e finais são inevitáveis e, nós nunca conseguimos fazer algo igual ou que tape aquilo que se fora. Outra estrada pode ser melhor, quanto pior, na verdade, é melhor nem ser comparada com o que já acontecera. A vida continua e as histórias rolam... Somente. Não temos uma "cura" do que aconteceu, ou um recomeço; o que temos é a continuação da vida e outras experiências.

    Bonitinho seus textos. *-*

    http://umaestrelanochao.blogspot.com.br/

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