Dance. Dance comigo mais uma vez. Você
me ama? Dance comigo. Sabes das minhas vertigens e das minhas incontáveis
quedas no abismo de mim. Sim, você me ama. Você tirou minhas dores pra dançar e
agora meu peito se esvaziou de toda essa urgência angustiante que é querer.
Continuo querendo. Mas quero de uma forma quase inaudível. Você se inclina
sobre mim. Espera, acho que vou cair de novo. Você me segura. Eu não te ouvi eu
não te ouvi fale de novo fale só mais uma vez. Você não se cansa de tentar
saber o que quero o que eu disse o que eu sinto. Escapou. Escapei. Não sei
voltar. Não quero voltar. Você pede mais uma vez que eu repita o que eu disse.
Inaudível até pra mim. Vez em quando é melhor me abster de saber o que quero.
Só preciso querer. Baixo ou alto. Quero. Isso não te basta. Você quer mais.
Você quer o meu querer. Delicadamente você conduz meus passos para que eu não
tropece em nossos medos e caia mais uma vez no abismo. Se eu cair, você cai
junto? Amar é se lançar no abismo do outro mesmo sem saber se haverá salvação.
Se eu cair, você me salva? Salva? Não responda. Recuso-me a saber de tudo.
Saber tudo enjoa. O não-saber me faz mais humano, mais gente. Estou
constantemente com essa ânsia de vômito misturada com essa fome de um pedaço do
mundo misturada com esses desejos velados entre os lábios e os dentes misturada
com nossos medos e nossas angústias. Queria vomitar. Temo vomitar e me tornar
vazio do vazio. Temo os teus temores mesmo quando você não parece estar com
medo. A dança continua. A música não finda. Não sei da finitude das coisas.
Nunca quis saber. Apenas dance... comigo... agora...
Belo texto, meu menino! Uma hora a gente dança sozinho, outrora, acompanhado.
ResponderExcluirComo diz a Pitty:
"O mundo acaba hoje e eu estarei dançando com você..."
Juliana
Olá poeta, eu não sei quem você é contudo estou totalmente fascinada por cada entrelinha que tu escreveste, é maravilhoso! Não deixes de escrever, é uma das melhores formas de expressão. Se quiser conversar @harborthispoet_
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