O
tempo nem sempre faz o que as pessoas erroneamente costumam dizer. Agora
entendo que, pode passar o tempo que for, você sempre estará cravado em minha
memória. Mais que isso, você sempre estará cravado dentro de mim. Você foi nada
mais que uma semente plantada no meu jardim interior. No meu jardim secreto que
não havia sido violado por ninguém. Tuas mãos não bateram na porta do meu
jardim. Não foi preciso pedir licença para entrar. Você entrou e se plantou em
mim. Germinou. Deu flor. Reguei a terra do meu jardim com a esperança que eu
tinha de um dia você ser pra mim, tudo aquilo que eu era pra você.
Em
vão. Tudo em vão. Agora sinto que foi em vão. Um dia poderei mudar de ideia. A
vida pode me surpreender e me mostrar que você ainda pode ser mais que alguém
que me controlava. Aí você cresceu em mim. Cresceu mais um pouco. Criou raiz. A
minha batalha foi perdida no começo. Ao contrário de muitas batalhas que chegam
à derrota no fim. Não, a minha derrota se deu justa e inevitavelmente no
começo. No começo, sempre fazemos tudo no calor e na intensidade do sentimento.
Andamos às cegas achando que escolhemos o caminho seguro. Enquanto isso,
caminhamos em meio às serpentes venenosas que querem injetar em nós uma
substância que pode ser fatal. Mas esse veneno não mata o corpo. O veneno tão
temido mata a alma. Aos poucos. Gota por gota. Não fui picado por elas. Uma luz
brilhou no caminho antes que isso pudesse acontecer.
O
que aconteceu comigo? Onde está a sanidade de uma pessoa quando ama? E a vida
me enche as mãos, mais uma vez, de inúmeras perguntas que nem sei se serão
respondidas. Mas pergunto. Não me canso de perguntar. Mesmo sabendo que as
perguntas nada mais são que um desejo absurdo de entender porque aconteceu
comigo. Por que tinha que ser comigo? Por que tinha que ser você? Por que tinha
que ser nós? Mesmo que esse ‘nós’ só tenha existido no meu mundo cheio de
ilusões e esperanças falsas.
O
tempo ia passando e você fincava suas raízes em mim. Dói ser enraizado por
alguém. O amor dói. E a indiferença dói mais ainda. Ai. Ai. Ai. Como doía
quando minha necessidade tocava na sua indiferença. Tão estranho saber que
alguém se enraizou em você, mas esse alguém não te pertence. O que acontece
comigo? Alguém me explique porque você não sai de mim? Não ouço ninguém me
responder. O amor é mesmo um mistério insondável. Quanto mais avanço, mais me
surpreendo. Você me surpreendeu alguns dias atrás. Se você pensa que senti
aquele frio na barriga ou que corei como sempre fazia, você está totalmente
enganado. Foi normal. Não me fez mal. No entanto, sei que você permanece com
suas raízes em mim. Dentro de mim. Nada vai e nada poderá mudar isso.
Aconteceu.
Não sei se a vida quis assim. Não sei se era pra acontecer. Não sei se devo
acreditar no destino. Só sei de uma coisa. Eu quis. Tudo aconteceu porque eu
quis. Seria muita covardia da minha parte dizer que não, tecer várias
desculpas, fazer rodeios, dar várias e várias voltas. Não adianta. Sempre
chegarei ali, no meu jardim, naquela árvore que cresceu. Mas que, de alguma
forma, morreu. Acho que quando um amor morre, consequentemente, os frutos caem
de tão maduros que estão, as folhas secam, e, só restam os galhos secos. E a
raiz. É claro, ela permanecerá sempre ali. Ela sempre me lembrará você.
O
amor é essa semente que a gente permite que plantem em nós. Mesmo não sabendo
se dará fruto. Mesmo não sabendo se o fruto será bom. Mesmo não sabendo se a
árvore resistirá ao duro e rigoroso inverno da vida. Para só depois, quando
vier a primavera, voltar a ter sua folhagem e seus frutos naturais. Quem sabe o
amor que eu tinha por você só esteja passando por esse inverno. Será? Se for,
esse inverno está muito longo. Ou talvez, essa seja só mais uma forma de
esconder mais uma falsa esperança que está tentando se acender em mim. Não
permito.
A
minha vida precisa seguir. Ainda há muito espaço em meu jardim. Sei que alguém
poderá entrar a qualquer momento. Quero estar preparado. Com o jardim pronto
para receber uma nova semente. Quero continuar sem persistir nessa tentativa inútil
de regar a árvore que já está morta. Morreu. Acabou. Por mais difícil que seja
entender isso. Preciso continuar. Vou continuar vivendo. Pode deixar, jamais
vou me esquecer de você. Não tenho essa capacidade. E, quer saber mais uma
coisa? Se eu pudesse escolher entre te esquecer completamente e continuar com
sua lembrança em minha memória. Eu escolheria a segunda opção. Porque sim.
Porque, além de tudo, você me fez bem. Você fez com que eu me encontrasse
comigo mesmo. Com a pessoa que eu não queria encontrar. Estou repleto de
lembranças. Algumas doem. Outras nem tanto. Já outras nem doem mais. E, as outras,
as bonitas, ainda me fazem respirar fundo e pensar com leveza: foi bom te amar.
Foi bom te amar... Quando não é bom amar? Creio que não há isto. Mesmo o achar que esta no caminho errado e estes afins, amor é bom ser cultivado. Todos merecem amor e amar sempre será bom. Contudo é isto, pode acabar ou não: mas temos de fazer uma eternidade duradoura nos tecidos finitos da relação.
ResponderExcluirAdoro seus textos, sempre que posso dou uma passada aqui. Beijo.
http://umaestrelanochao.blogspot.com.br/
Lindo, lindo, lindo e triste.
ResponderExcluirRelações acabam, já o amor nem sempre precisa. É bonito quando ele se transforma. Que não tenhamos medo das lembranças, nem das antigas felicidades.
ResponderExcluirUm beijo, moço.