Tanto
querer e desejar me dominam e me consomem e me dão uma tremenda fome. Não sei
se gasto todas as minhas forças gritando, suplicando e invocando por alguém que
liberte minha alma dessa paralisia. Ou se desisto e me entrego e desfaleço
completamente ao chão. Se eu gritar, acho que ninguém me escutará, pois estou
preso aqui dentro. Querendo. Desejando. Necessitando. Mas há paredes
comprimindo minha alma. Meus gritos não passarão de um minúsculo sussurro. As
paredes são o meu corpo fragilizado. Apenas um reflexo da alma que está mergulhada
dentro de mim. E, se não bastasse as minhas limitações, tenho em meu encalço os
passos de quem foi sem ir. Daqueles que, com palavras, gestos, olhares, e, de tudo
um pouco mais, me fisgam, me retêm, como uma pedra no meio do percurso de um
rio que flui. Lembranças dolorosas me assombram e me fazem correr pra debaixo
da cama. E a vida anda, anda, anda. E me chama. E vez em quando até reclama.
Vejo a vida ir e com ela desejo também ir. A vida me chama a dançar. Mas, vida,
eu não sei dançar. Ouvi alguém dizer que, para viver, a gente tem que dançar
conforme a música. Porém, não sei acompanhar o ritmo dessa música. A música vai
pra um lado e meu passo vai para o lado contrário. Sou um pouco descoordenado e
tão desajeitado. Vão rir de mim. Posso até tropeçar e de repente cair. Mas a
vida é tão cheia de sabedoria, me olha entre os vincos de sua enorme face, e
diz que meu corpo não precisa saber passo algum, nem ritmo, nem compasso. A
vida me segredou baixinho (e tive que fazer um esforço enorme pra ouvir). Basta
deixar sua alma dançar. Foi o que a senhora vida me disse. Engoli cada palavra
bem devagarzinho para que o sentido de cada uma delas não se perdesse no ar. Deixa.
Deixa-me. Me deixa! Deixa então que minha alma dance livremente. Não prenda
mais os meus passos. Não fique mais no meu encalço. Se não queres ir, então,
por favor, deixe-me ir. A vida está cantando com tanta maestria. A vida está
cantando. Quando ouço essa música, minha alma sente vontade de saltar dos
limites do meu corpo, libertar-se de todas as pregas que ainda existem, e
simplesmente dançar. Já que meu corpo não dança, minha alma pode dançar. Agora
sei. Minha alma quer dançar. E enquanto me entrego ao mover da dança sinto uma
leveza impressionante. Sinto que vou seguindo e deixando cair ao longo do
caminho todos os pesos que não me servem mais. Quero a leveza de viver. Quero
ir sem me arrastar. Quero ir dançando, cantarolando, amando. Pois não importa o
que venham a me dizer e nem o quanto tentem me derrubar. Sei que a vida fica
mais leve quando me permito amar. Amar e dançar.
A
vida canta. Minha alma dança. E ama...
Vi no The Voice Brasil uma música que logo que acabei de ler este texto lindo e intenso, tive que o citar aqui: "Quero dançar com você. Dançar com você...". Há dois dias atrás eu estava no show da Lady Gaga e nunca me senti tão bailarino, um bailarino interior, um eu realmente livre... Foi algo tão mágico que senti na pele, não pensei no que os outros iam falar da minha dança, não pensei no que iam tachar em mim, ou em todas coisas superficiais que poderiam proferir contra mim. Apenas fui do início ao fim eu. Chorei, sorri e dancei. Talvez uma das fórmulas deste seu pensamento seja um lugar que você se encontre, que seja você: que tenha um turbilhão de emoções como tive, que seja você...
ResponderExcluirhttp://letras.mus.br/vanessa-da-mata/1002081/ música.
Beijo.